Hoje levantei cedo, e não tinha nenhum compromisso, ao menos não com os outros, decidi que iria dedicar o dia a uma pequena aventura. Sei que é terrivelmente vergonhoso, mas pela primeira vez na vida fui pra SP capital sozinha. Já havia ido algumas vezes com amigos, mas por conta própria: hoje minha estreia. Há anos eu tinha vontade de perambular pelas ruas de Sampa e conhecer alguns lugares sozinha, porque perdia um pouco da graça ir nos lugares acompanhada com quem já conhece tudo, eu gosto de desbravar, do friozinho na barriga de ter que "me virar na raça" sabe? Eu já fui uma grande medrosa, tenho tendência a ser acomodada, e as vezes sinto que mesmo em pequenas coisas devo me desafiar pra não ficar preza na zona de conforto. E porque não aproveitar isso para conhecer lugares novos que estão tão perto? Pensando assim que acabei indo pra Indaiatuba mês passado e isso é meio viciante. Cada vez o faniquito de se aventurar vem com mais força e ai o velho medo perde o lugar para a curiosidade e pronto... saio com meu
all star amarelo e mochila nas costas, coração pulsando forte e sorriso no rosto. Preparada pra mais um dia onde a câmera vai trabalhar bastante.
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Bem que poderia haver a plataforma que vai pra Hogwarts :/ |
Confesso que eu fico apavorada com as coisas mais bobas. Como ter medo de pagar mico, já que eu acostumada de ir pra certos lugares acompanhada jamais prestei atenção em detalhes e depois na hora de fazer as coisas fico com receio de fazer errado e parecer uma caipira abestalhada. Mas relaxei e pensei que o pior de tudo seria nem tentar, se eu errasse o caminho, ou se fizesse algo errado e rissem nada disso deveria me diminuir. De fato sou uma caipira abestalhada e não deveria me envergonhar disso, deveria me envergonhar por me deixar afetar e não assumir o que sou. E segui adiante. Não tenho do que reclamar sobre o que se diz a respeito de trens/metrôs tudo correu tão bem e sem dificuldades que eu tive que rir da minha própria cara por pensar que ia me perder ou que não daria conta do recado. Como eu acho uma delícia andar nesses meios de transporte, por mais desconfortável que seja quando está lotado, eu não me importo. Não sei o porquê, mas aquele caos me acalma. O trajeto foi então tão tranquilo, mesmo nos deslocamento entre as estações [estações pelas quais ainda não tinha passado] que eu fiquei espantada com a facilidade que tive para me orientar, pensei que seria um bicho de sete cabeças. É cômico de tão absurdo o quanto o medo torna as coisas simples complicadas.
Numa das estações eu vi um mural com artes da série do Demolidor, eu fiquei louca né, catei a câmera na bolsa e tentei fotografar, não consegui captar muita coisa pois estava na esteira e estava muito perto das imagens :/ Eu achei muito bacana e muito bem elaborado. Quando finalmente deixei o metrô pra me aventurar nas ruas o frio na barriga já tinha virado vontade de assobiar rsrs eu me sentia triunfante kkkkk é ridículo, mas pra mim que sei bem das minhas limitações estar ali era uma espécie de vitória. E São Paulo tratou de ser hospitaleiro. Me localizei com facilidade também, mas claro com a ajuda das placas e da pesquisadinha antes no
google maps não tinha muito erro. Porém dado meu histórico de desorientação eu sempre conto com o pior.
Eu poderia ter ido de ônibus, mas a graça da coisa pra mim é ir conhecendo o lugar de perto, caminhando, descobrindo as coisas no caminho, eu amo isso. O destino era o parque do Ibirapuera. Eu queria ver a bienal do graffiti. Mas no caminho já fui bastante presenteada com inúmeras artes de rua, e eu fiquei babando. Eu admiro muito o graffiti elaborado e tal, mas o que realmente me fascina são os
stencils, e eu chego a gostar até daquelas frases pichadas que o povo julga ser "vandalismo". Eu realmente acho maravilhoso quem se dispõe a fazer dos muros uma tela e expõe pensamentos, artes, opiniões, criticas e de alguma forma captam o olhar das pessoas e em alguns casos captam o coração também, meu caso. Não consegui fotografar decentemente pois havia um carro estacionado na frente e não dava pra fotografar a parede toda, mas eu adorei cada coisinha que vi ali, cada elemento. São Paulo tem algo de opressor e acolhedor misturado. Eu não sei definir o que é, só sei que dá pra sentir.
Cheguei no Ibirapuera com aquela super sensação de missão cumprida. Quase pulando de felicidade rsrsrs. Infelizmente a exposição que fui ver estava sendo encerrada antes do prazo. Algo já me dizia que não ia conseguir ver mesmo. Era pra mim ter ido à SP na sexta, o desanimo me fez desistir e eu senti que estava perdendo mais que o animo quando resolvi que não ia. Mas nem isso me desanimou, eu tinha o Ibirapuera todo como premio de consolo e sinceramente acho até que sai no lucro. Não dá pra conhecer tudo num único dia. E eu nem queria andar muito, estava mais afim de curtir o lugar e ficar quietinha apreciando a natureza. E que delícia de lugar. É simplesmente apaixonante. Vi até gringas por lá e me revoltei por estar tão perto e nunca ter ido conhecer. É um lugar super agradável. Lamentei não ter pensado de levar os patins pra passar um pouco de vergonha rsrs. As árvores todas dignas de serem contempladas, nessa parte fiquei meio em "crise". É chato admitir, mas nessas horas falta alguém com quem compartilhar o momento. Logo passei a ignorar meus mimimi's, pois não dava pra desperdiçar meu tempo lamentando algo enquanto estava ali num lugar tão lindo. Certamente irei voltar, mal saí e já sentia saudades. Numa próxima vez irei elaborar melhor o passeio pra poder curtir ainda mais.
Foi um dia muito prazeroso. Estava também acompanhada de um bom livro o que já ajuda bastante.
Pude conhecer São Paulo desta vez com outros olhos, não o da menininha assustada, ou da adolescente distraída. Hoje olhei para essa cidade com a devida atenção, não é um lugar perfeito, longe disso, mas talvez seja por isso que é um local tão interessante. Vi muita gente estilosa, moradores de rua, muita gente de cara fechada, pessoas cantando em voz alta ou assobiando desinibidas, ruas cheias de árvores contrastando com prédios que escondiam o céu nublado. Vi gente lendo livros em tudo que é canto, muita gente que não cede o lugar, alguns motoristas que paravam na faixa para os pedestres, pessoas que ajudaram a dar informações, que mesmo sem olhar na sua cara ainda de alguma forma ajudavam. Vi um pouquinho do lado belo e do lado sujo. Gostei de ambos. E foi só um mero passeio. Não dá pra se desvendar um lugar numa simples visitinha, mas dá pra saber se vale a pena descobrir mais. Eu vivo falando que amo estar em meio a natureza, mas também tem algo nesse lado urbano que me fascina. Que mais dias como esse venham.
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O contraste |