terça-feira, 27 de janeiro de 2015

27.01.2015 Ditadura da magreza


A minha vida inteira fui magra. E confesso que nunca me senti bem com isso. Mas aprendi a me respeitar da forma como sou.
Metabolismo acelerado e genética me fizeram ter esse corpo que mais lembra uma caveirinha e minha magreza nunca foi por problemas de saúde. Esse corpo ossudo me fez sofrer bastante na adolescência. Já fui taxada de doente, tinha apelidos zombeteiros, fui ofendida inúmeras vezes. Eu não me encaixava, e passei a acreditar que eu tinha algo de errado. Isso me fazia odiar ainda mais meu corpo. E ao contrário do que meu biotipo sugeria eu não achava bonito ser pele e osso, por isso sempre achei um absurdo esse culto ao tal "padrão de beleza". O pior era ainda ter que lhe dar com pessoas que interpretavam minha magreza de forma equivocada pensando que era algo proposital. E com isso passei a ter vergonha do meu corpo. Pra mim existia um outro tipo de ideal, e eu estava longe de atingir. Gostava justamente dos atributos que me faltavam, venerava mulheres com corpos curvilíneos e me sentia ridícula por não me encaixar no que eu considerava bonito.
Com o passar do tempo deixei de dar ouvidos as ofensas. Acabei achando graça e fazendo piadas de mim mesma. No começo era mecanismo de defesa. Depois de fato ria sem problemas. Melhor rir do que chorar. Aprendi a levar numa boa. Desde então tenho me aceitado, que fique claro: Não me acho bonita por ser magra, me acho bonita simplesmente por ser quem sou.
Pra que se deixar atingir por pessoas que não significam nada pra mim? Pra que querer seguir um padrão se a beleza está justamente na diversidade? Passei a ver que não era o meu corpo que precisava "ser aceito", mas sim minha mentalidade que precisava ser melhorada.
Sei que muitas gurias já sofreram por serem "gordinhas" e sempre detestei isso também. E aliás sempre tive uma certa invejinha de meninas que estão acima do peso, um vestido godê numa plus size é uma das coisas mais lindas <3 O pior é ver que muitas gurias  mudam só pra agradar os outros... essa busca por aceitação é perigosa. Isso torna as pessoas vazias... gera uma busca insaciável. Mas sou a favor de mudanças quando são feitas de forma adequada, afinal não tem nada de errado em melhorar a auto-estima e hoje há diversos meios de mudar aquilo de que não gostamos. Apoio desde que não vire uma obsessão. Acho que há muita carga depositada nessa busca pelo aprimoramento visual, estético e o problema nem sempre está só na aparência, é preciso trabalhar também a mente. A aceitação que buscamos dos outros deveria vir de nós mesmos.

A foto de hoje é meio constrangedora, considerando que eu só uso roupas mais soltinhas e evito mostrar tanto assim o corpo [sou conservadora, aposto no conforto e não na sensualidade, por questão de gosto mesmo] Mas achei importante retratar algo do qual tinha vergonha e que não deveria me sentir culpada ou inferior por ser como sou, me desafiei, porque pra mim era absurda a ideia  de me expor, era como se eu não fosse digna por não ter o corpo que considerava bonito. Dai veio a ideia de fazer uma foto que eu jamais faria tempos atrás. Apesar da foto, não é porque me aceito que saio me mostrando, minha personalidade é discreta por natureza. Mas achei válido ousar em prol do desafio com essa foto. Achei que também seria uma forma de protestar contra essa ditadura de "corpo certo e errado", que promove uma aparência que tem escravizado tantas gurias e mulheres, usando essa mentira de que "é preciso ser magra para ser bonita" ou "você é magra demais, nem tem onde pegar". A beleza deve estar em saber se amar.
Seja feliz. Seja você! ;)


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