quarta-feira, 1 de julho de 2015

01.07.2015 - Papossauro

Hoje encontrei com uma amiga na rodoviária, somos amigas de infância e recentemente descobrimos que temos mais coisas em comum do que pensávamos. Como íamos pro mesmo lugar ficamos papeando durante o percurso. Ônibus logo encheu e nos duas ficamos em pé mal dava para se mexer. Minha amiga contava algumas coisas da vida amorosa e eu dava meus palpites quando achava conveniente. Somos quase opostas no modo de lhe dar com algumas situações, o que torna nossas conversas sempre engraçadas. No meio do caminho entra um daqueles típicos homens que vende algo em troca de umas moedas alegando ser em prol de alguma casa de recuperação. Eu costumo ajudar sempre que posso, há quem ache que eles usem de má fé e fizeram disso uma estratégia de marketing. Então depois dum breve discurso de introdução, que interrompeu a minha conversa, ele passou distribuindo essas cartelas de adesivos para os passageiros mesmo estando difícil de se locomover ele chegou até o fundo, onde estávamos. Pra minha amiga veio uma cartela da Hello kit. Pra mim veio essa de dinossauros. Rimos pois meio que batia com o assunto, metaforicamente ao comparar a minha personalidade e a dela. Não satisfeita com a Hello kit ela brincou dizendo que preferia ter pego os adesivos da Barbie. Ironicamente o sujeito que estava ao meu lado estava com a cartela da Barbie e ouviu o que ela disse. Ele riu e a mostrou. Eu sugeri uma troca, já que Barbie por Hello kit daria na mesma, ofereci os dinossauros que ao menos era a opção mais máscula. O rapaz de olhos puxados sorriu e topou a troca. Deixei minha amiga se divertindo ao avaliar os looks das Barbies adesivas, mas eu disse com desdenho olhando as duas cartelas que ainda preferia os dinossauros. Fiquei sem nenhum adesivo no fim e estava disposta a contribuir com o "vendedor" mesmo sem pegar os adesivos. Então o Japa que trocou a cartela comigo pagou o homem e depois me entregou os adesivos alegando ser presente, de modo cordial. Eu fiquei meio sem graça, surpresa agradeci. Paguei o homem sem pegar nenhuma das cartelas e minha amiga que estava com duas ainda se mostrou insatisfeita dizendo que preferia uma do corinthians, que não tinha, e acabou não comprando nada. Depois do discurso final de agradecimento o sujeito recolheu as cartelas que o povo não quis comprar, se espremeu entre os passageiros e foi embora. Com o silêncio novamente agradeci o moço que estava ao meu lado e trocamos umas breves palavras, ele me pareceu ser uma pessoa bacana, embora falasse pouco. Acho muito bonitinho o jeito tímido que pessoas orientais costumam ter. O que me perturbou foi que pelo visto ele acompanhou a conversa toda que eu e minha amiga tivemos ali, [sempre esqueço de tomar cuidado com o que falo em lugares onde a privacidade é nula] minha amiga depois de fazer uma brincadeira, meio que cantando ele, percebeu que o conhecia e disfarçou rsrs resultado: constrangimento. Eu realmente achei o gesto dele legal, embora não sei aonde irei colar esses dinossauros, não posso reclamar, não é todo dia que se ganha presente de desconhecidos. E isso me fez lembrar de uns anos atrás quando eu estava numa fase otaku da vida e dizia que gostava de japonês. Sei lá como isso caiu no ouvido das minhas tias e de forma meio distorcida elas tiraram suas conclusões e até hoje me perguntam se já conheci "o japa dos meus sonhos". Incrível como tias podem ser extremamente inconvenientes e sem noção. Eu acho que toda raça tem sua beleza, não tenho "um tipo", não sigo um estereótipo. Inclusive isso já foi pauta de conversa com essa mesma amiga, que sabe na ponta da língua descrever aquilo que a agrada e nada muito fora disso consegue lhe despertar interesse. E olha que o padrão dela não mudou muito desde a quinta série. O que não é errado, embora soe como preconceito, no caso é mais sobre questão de gosto. Eu por outro lado já tive tantos gostos diferentes que até entro em contradição, sendo assim optei pra ter critérios em outras coisas.
Já notei que frequentemente simpatizo com alguém no ônibus mesmo sem trocar uma palavra. Isso acontece quando passo por alguém lendo um livro, ou com uma camiseta cuja a estampa representa algo que eu goste, o sapato, a expressão do rosto, os chaveiros na mochila, ou o próprio estilo da pessoa, as vezes a forma que reage diante de um ocorrido... detalhes. Sim eu gosto de observar tudo. Andar de ônibus definitivamente me faz vivenciar coisas que eu não espero, me permite encontrar conhecidos, ou passar por situações malucas rsrs resta saber qual será a próxima parada.     

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