sexta-feira, 17 de julho de 2015

17.07.2015 - Margem

Sujo. Descuidado, despercebido. Mais vivo. Plantas se refugiam sobre sua superfície, e outras crescem a sua margem. A água mesmo não tão cristalina quanto deveria, ganha o desenho das árvores como reflexo em seu espelho d'água embaçado.As pedras ao fundo denunciam o quanto é raso dando a falsa impressão de ser inofensivo a primeira vista. Tímido, fica completamente esquecido. Não atraí admiração pela falta de cuidados, nem mesmo é notado por mais que esteja num local dos mais movimentados. Só é lembrado ao virar problema, quando as água quietas despertam e resolvem correr, impulsionadas pelas chuvas que lhe dão a força que o torna "vilão". Nesses momentos consegue atrair olhares: quando é tarde demais. E quando a fúria passa, com ela também se vai seu momento de fama, parecendo estar presente somente ao ser um problema. Se o mencionam é para reclamar e nunca pensam que o mesmo, se tivesse oportunidade, poderia ser um meio de restaurar um ecossistema que foi se deteriorando, fora os inúmeros benefícios que isso significaria, até mesmo na parte estética da cidade. Eu não consigo passar indiferente, sempre achei que o Rio Jundiaí, onde corta a cidade de Itupeva, foi negligenciado. Há trechos em que o rio é imponente e chega a ser bonito, cercado por pedras e árvores [vou tirar foto dele qualquer hora pra postar aqui, é lindo]. É de partir o coração ver um rio poluído, um rio cujo potencial é ofuscado. Há trechos em que o mesmo rio tem um animo mais ameno e é ainda menos notado, como este da foto.
Eu fico indignada com a falta de cuidados, por parte da população e da prefeitura pela ausência de providencias. Por enquanto não tem mais acontecido de transbordar, mas será que é preciso esperar várias famílias passarem por um transtorno [que poderia ser evitado] pra voltar a pensar nessa questão? Tá tudo errado na verdade. Algo tem que ser feito e não dá mais pra se iludir e contar com a sorte. Me entristece é a falta de interesse visando restaurar a qualidade do rio, da falta de zelo com a natureza. Destroem tudo, fazem as coisas mal feitas piorando as condições e ainda por cima fingem que está tudo bem assim. Muitas áreas seguem o mesmo rumo: só são levadas a sério quando chegam numa situação extremamente crítica. Precauções que nunca são tomadas e até o bem estar da população que é deixada de lado. Infelizmente as coisas seguem assim: só se mobilizam quando algo os afetam diretamente. Se o rio tá ficando cada vezes pior pouco importa. Por isso que decidi estudar algo exatamente na área ambiental, porque há tanto a ser feito, mas há tão poucos prestando a atenção que eu não posso esperar que alguém faça algo por mim. Fazer alguma diferença. A conscientização é uma das ferramentas mais poderosas, mas por aqui se manteve enferrujada.   

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