terça-feira, 7 de julho de 2015

07.07.2015 Bola cheia

Há dois anos atrás onde eu trabalhei houve uma daquelas palestras motivacionais, coisa que até então nunca havia acontecido. E veio num momento bem conturbado. Eu tipicamente chata achava esse tipo de coisa um porre. Detestava as típicas fórmulas mágicas que ofereciam soluções express que na teoria era lindo, mas na prática jamais funcionavam, virando até piada. Ou as frases de efeito que pra mim não passavam de hipocrisia. Via ali a oportunidade perfeita pra causar o caos. Me lembro bem de já entrar no lugar com cara feia, a única coisa de bom era que íamos receber para não fazer nada. Por natureza eu sempre questionei injustiças, nunca fui de me conformar com situações mal resolvidas. Eu fico quieta na minha aguardando o momento propício pra soltar o verbo, na espreita, enquanto lapido os argumentos. Quando surge a chance ai coloco em pauta todas as injustiças, contradições, dúvidas, críticas, acusações e falo por todos que sabem das coisas mas não tem coragem de se manisfestar, eu intervenho cobrando respostas e providencias. Mas eu acabei me saindo de lá bem diferente do que pensei que sairia. Eu tive sim a chance de expor coisas que precisavam ser esclarecidas e falei tudo o que tinha pra dizer, claro que a maioria das respostas eram coisas ditas da boca pra fora só pra amenizar o clima. Debochei horrores das tentativas de melhorar o clima com frases bonitinhas, eu nessas horas posso ser uma peste, pois com poucas palavras as vezes consigo ser capaz de estragar tudo, nem precisando me esforçar, sem me alterar, mantendo apenas o sorrisinho debochado de triunfo do rosto eu já conseguia atingir o objetivo e tirar os outros do sério. E assim foi, até que numa das últimas partes um sujeito mais bem humorado e firme, tomou conta da palestra caótica, ele dentre todos se mostrou o mais seguro e interessado, o mais disposto a passar sua mensagem. E foi ai que eu cai na real. Eu ficava cega sempre que estava insatisfeita com algo, minha forma de reagir só colocava lenha na fogueira. Já que eu trazia o mal estar a tona, embora a principio visando as melhorias, tinha também o intuito de desmoralizar, uma forma de vingança, não sei explicar mas havia uma maldade nisso. Eu usava uma situação ruim para poder me vangloriar ao colocar a pessoa contra parede. E pra piorar eu não sabia aceitar certas coisas, coisas que vinham para amenizar e melhorar o ambiente. Por pura implicância rejeitava coisas como a tal palestra, talvez porque isso tirava o foco dos conflitos, e eu queria era cutucar a ferida e não só estancá-la. Num determinado momento assistimos o vídeo do bola cheia x bola murcha e não foi legal constatar que eu era do time bola murcha. Ai eu me deparei com o que eu realmente era: uma menina insolente, que embora achasse estar fazendo a coisa certa, estava usando da oportunidade pra agir de forma tão errada quanto aqueles que despertavam em mim essa revolta, ou seja: farinha do mesmo saco. Aceitei que não tinha nada a perder ao me ater a coisas que vem para acrescentar. Não adiantava me apegar ao que tinha a dizer, notei que a solução também estava em conciliar isso ao que eu tinha que aprender a ouvir. E claro que me senti uma droga, teimosa como sou era terrível assumir que dentro de mim algo tinha mudado graças a uma droga de palestra motivacional. Acabou sendo esclarecedor. Eu tinha aquele pensamento de que auto-ajuda, palestras motivacionais, preceitos religiosos, eram tudo coisas de gente fraca, mas a grande verdade é que fracos são aqueles que não percebem o quanto tem a perder por não aprender. Tem coisas que custam até que a gente entenda. Ceder em muitos momentos é uma reação muito mais poderosa que bater de frente. Eu achava que tinha muito auto-controle no sentido de escolher as palavras certas e elaborar bem minhas criticas, tinha aprendido a controlar a raiva ao me expressar e achava isso uma vitória, usava a meu favor. Mas eu não havia aprendido a controlar a raiva no modo de pensar. A verdade é que eu estava sendo tomada por um orgulho cego de querer ter razão sem olhar os dois lados da moeda. Intolerante. Querendo fazer justiça baseado em um ponto de vista e com uma motivação duvidosa. De que adianta ter razão e perder a cabeça, perder a paz?
Então eu mascando um chicletes hoje me lembrei disso tudo. Infelizmente, embora eu tente negar a mim mesma, eu sei que esse meu lado traiçoeiro vem a tona ainda, mas ao menos não me deixo conduzir por isso tanto quanto antes. A questão é que ainda não estou no nível que gostaria. Um dia sei que chego lá, a "Aline zen" liberta de si mesma. Mas quis escrever sobre isso pois tem lições que a gente aprende e que depois descartamos por pensar que já se aprendeu tudo o que tinha pra aprender. Quando na verdade não absorvemos nem 10% do que deveríamos. Eu tenho sim que ir adiante, aprender coisas novas, mas devo levar comigo tudo aquilo que me alimenta. E coisas assim não pesam na bagagem, na verdade aliviam, sustentam. Quanto mais lições se carrega mais leve fica, que ai a gente passa a se desprender de tudo aquilo que vamos acumulando, arrastando, que nos desgasta. Tira o peso das costas, da consciência, da alma.
Pra finalizar vou deixar uma frase aqui que também veio da palestra.
"A vida é curta demais para se viver como se fosse uma bomba em vias de explodir".
E eu que odiava frases feitas, hoje sou feita de frases.

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