sexta-feira, 10 de abril de 2015

10.04.2015 Olhar pra cima

Me lembro de quando eu era mais nova meu pai ficar implicando comigo porque eu sempre andava olhando pro chão e por isso vivia esbarrando nas coisas. [meu pai não sabia que eu andava olhando pra baixo porque eu tinha o dom de achar coisas legais perdidas no chão] Melhorei nesse aspecto conforme cresci, mas só depois que passei a gostar de fotografar que realmente me permiti olhar pra tudo que era canto. E foi assim que hoje perambulando por ai que nasceu a foto de hoje. Sou fascinada pelos riscos abstratos que são formados pelos galhos de árvores. E hoje ainda tive o bônus de me deparar com essa orquídea linda que estava bem no alto da árvore. Engraçado que muitas pessoas apressadas ou distraídas nem se davam conta das lindas flores que estavam acima das suas cabeças, não as culpo elas estavam de fato fora de vista. Mas bastou eu pegar a câmera e apontar pra cima que quem passava em volta levantava o rosto intrigado pra entender o porque uma menina tava parada na calçada atrapalhando a passagem e apontando a câmera fotográfica pros galhos da árvore. Foi ai que cheguei ouvir e ver algumas expressões onde as pessoas se davam conta do que eu estava contemplando, algumas até ficaram admiradas com a flor. Outras se deram conta de sua existência mas seguiram parecendo decepcionados.
Acho interessante que a curiosidade alheia sempre é estimulada quando to fotografando, mesmo quanto tento ser discreta. Outro dia numa loja de bijuterias fiquei impressionada com o brilho dos "cristais" de um lustre enorme que tinha no teto da loja. O lustre em si era lindo e também dava pra explorar o brilho pra fazer uma foto com efeito bokeh. Parei e o mais discreta possível tentei captar o brilho do lustre, tentando ser o mais rápida possível. Até que fui interrompida por uma pessoa, que a principio nem notei que se diria a mim, falava com sotaque xing ling e baixinhoQuando parei pra dar atenção a senhora chinesa tive dificuldade de entender, era um misto de risadas e tentativas de se falar português. Então ela repetiu e fazendo o gesto de câmera disse algo como: "por que foto?" Eu ri junto com ela e disse apontando pro lustre: "bonito". Ela riu e olhou pro lustre, de uma forma como se nunca o tivesse reparado, talvez tentando ver se eu era louca ou se ela tinha esquecido de notar alguma coisa. Depois fez um sinal positivo com a cabeça, daquela forma como os orientais costumam se expressar. No fim eu fiquei sem graça depois disso, me despedi dela e fui embora sem conseguir a foto do jeito que eu queria. Isso é bom e ruim ao mesmo tempo. Adoro que fiquem curiosos com o que estou fotografando, que através disso eu consiga arrastar o olhar das pessoas pra algo [que ao menos pra mim é] interessante, mas que passa batido. Por outro lado é bem constrangedor lhe dar com isso, nem sempre o que me chama atenção cativa as outras pessoas. Nem sempre faz sentido. Não ligo, mas as vezes isso me atrapalha. Quando eu resolvo fotografar com minhas cameras lomo, que os modelos são mais coloridos e chamativos, é ainda mais complicado, chama a atenção mas ai a própria camera já passa o recado de que gosto de coisas malucas. Já perdi inúmeras oportunidades de tirar fotos legais por vergonha, não só pelo que iam pensar, mas porque as vezes parece absurdo até pra mim mesma. Mas um dia prometi que não deixaria mais de fotografar as coisas por parecer "bobo" seja pra mim ou pros outros, mas ainda preciso perder o medo de ser invasiva e me arriscar mais, como pedir pra fotografar estranhos na rua, isso ainda é um desafio pra mim. A fotografia pertence ao momento, nem sempre dá pra ter uma segunda chance. Por isso gosto desse hobby, porque é uma pequena aventura. Tem que ser espontâneo, doido, ousado, construir uma história com uma imagem, talvez uma história abstrata, mas nesse caso é melhor se arrepender de ter tentado e não gostar do resultado do que de não ter arriscado e ser assombrado pelo arrependimento. Tenho consciência de que esse meu hobby não gera algo que se salte aos olhos, o resultado final é uma consequência e as vezes é o menos relevante. O ato de notar e parar para apreciar uma cena, guardar o sentimento que me despertou, isso é o que me fascina mesmo. Infelizmente nem sempre isso é revelado ao revelar a foto. Claro que eu amaria se todos os cliques que eu desse fossem certeiros e saíssem como na minha imaginação. Falta técnica, falta material e noção e infelizmente na prática as coisas são mais complicadas. Mas ainda assim tento só pra garantir, as vezes funciona. E quando dá errado é um estimulo para melhorar.
Com a facilidade de ter câmera no celular se tornou comum que as pessoas tirem foto das coisas por ai, é prático e apps como o instagram estimulam ainda mais a se explorar as coisas ao redor, tirar foto é natural hoje em dia. Mas não sei, o celular não me passa a mesma emoção e opções de uma câmera fotográfica. Falando nisso essa semana vou revelar um rolo de filme da Action Sampler e coloquei filme na minha câmera analógica casula, a Werlisa, que amanhã vai junto com a WB350f  [a criadora das fotos do blog] passear. Assim que a situação melhorar vou comprar filmes pra testar uma das minhas Polaroids que ainda não estreei. E espero em breve ter uma Nikon D5200 para ai sim levar a brincadeira mais a sério.

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