sábado, 11 de abril de 2015

11.04.2015 Auto imagem

Odeio ter que colocar minha cara na foto do dia. Mas a câmera com pouca bateria e a correria me impediram de ter feito algo mais elaborado. Mas acabou que vai encaixar com o que eu queria mesmo escrever. De manhã quando tive um tempinho estava vendo no youtube umas entrevistas da cantora Mallu Magalhães. Eu acompanho ela desde que ela tinha seus 15 anos e ainda era zoada pelo jeito estabanado. Quem conhece ela sabe que a transformação dela não é chocante só no visual, é ainda mais gritante no modo de se expressar. A falta de jeito pra falar, o visual despreocupado, outrora foram motivo de riso, mas ainda nessa fase "esquisita" eu via nela uma pessoa interessante que embora não fosse muito compreendida, mostrava que era incomum não pelo jeito doidinho, mas sim pela forma de pensar. Infantil na forma de falar, mas absolutamente madura para tantas outras coisas. Hoje Mallu ainda tem a mesma essência, mas tem a segurança no falar, tem uma serenidade que é inspiradora, a adolescente que apesar de talentosa não era levada a sério, hoje é essa mulher de voz doce e sorriso fácil que cativa tanta gente com seu jeito. Inúmeras pessoas além de Mallu já foram e são incompreendidas, as vezes as pessoas nem dão a oportunidade da pessoa mostrar do que é capaz. Na música velha e louca a uma frase da Mallu que diz assim: "o que eu tenho de torta eu tenho de feliz". O preconceito acaba por barrar os outros lados que a pessoa tem.

Sinto que eu fui alguém de altos e baixos dado meu histórico. Fui uma criança chata, curiosa, mas normal. Não passei pelo que chamam de pré-adolescência, pois nessa fase estava ocupada estendendo minha infância e eu era legal, engraçada, mas essa inocência veio a me ferrar mais pra frente, me fazendo ser "atrasada" para certos assuntos. Depois veio a maldita adolescência. Virei a rebelde sem causa, que queria impor suas opiniões mesmo sem nem saber elaborá-las. Odiava ser contrariada e era chata pra cassete, fútil, arrogante e mais imatura que na fase anterior, porque ainda por cima era teimosa e mau educada. Ai depois com algum custo larguei essa fase explosiva e surgiu uma jovem que perdeu o interesse por boa parte das coisas que a representava, não se identificava com muita coisa, que não tinha facilidade nem interesse de se comunicar. Me isolei. Meus gostos e opiniões entraram em transição e foi ai que passei a gostar de ler e aprendi muita coisa, virando alguém mais mente aberta, mas disposta a relevar do que bater de frente, ver algo bom mesmo que nas coisas minimas. Mas embora melhorasse num aspecto me complicava em outros. Subestimada. Minhas tentativas desesperadas de tentar mudar me faziam ser mais patética, pois eu não tinha o talento pra impressionar e só fazia papel de idiota por não ser eu mesma. Mas seja como for tirando a infância em nenhuma outra fase eu vivia de modo muito convencional. Alguém sempre implicava com meu jeito inadequado pra idade ou pela dificuldade de me socializar, eu era mal vista e principalmente mal interpretada por boa parte das pessoas. Imagem que é difícil mudar aliás. As pessoas se acostumaram a não me levar a sério. Sempre fui a criançona, a poser, a revoltadinha ou a anti-social. Com esses esterótipos antes de chegarem até o que eu sou as pessoas paravam apenas diante da imagem que já tinham construído por si mesmas, nunca me permitindo mostrar a minha versão original. Culpa minha. Eu não me importava tanto com o que pensavam, mas estava insatisfeita comigo mesma, eu não era aquilo que as pessoas julgavam, mas também não fazia muito a respeito pra mostrar meu verdadeiro eu. Nem eu sabia mais o que eu era. Passei a mudar e melhorar algumas coisas, sem esperar aceitação, era mais pra buscar uma forma de melhorar sem deixar de ser eu mesma, e se isso implicaria virar mais um rótulo ou mais alguma coisa que fosse, tudo bem não posso ter controle sobre tudo, mudar é um processo bom, entendi enfim a não me sentir culpada por ser eu mesma e nem ter medo de errar, o importante mesmo é reagir. E ontem eu percebi que não estava sozinha nessa. Na noite do "hot bacon" onde um pessoal se reuniu pra comer cachorro quente, eu notei que há mais pessoas perdidas nisso do que eu imaginava. Não sei se é o mal dessa geração, ou se a tecnologia nos roubou a habilidade de socializar ao vivo, mas é bem triste ver jovens solitários, de escanteio, como se tivessem uma doença contagiosa, onde recorrem ao celular pra evitar o constrangimento, tentando amenizar a situação de não conseguir conversar mesmo estando entre conhecidos. A falta de coisas em comum, ou a falta de iniciativa nem mesmo é o que pesa no caso. É aquilo de permitir que as pessoas façam uma imagem de nós e deixar que essa imagem nos represente, nos limite ou pior nos afaste. O garoto tímido, a garota que se veste inadequadamente, a menina que não tem assunto, ou o guri que só sabe falar de uma coisa, etc. De cara sabemos o ponto fraco, mas nem sempre estamos dispostos a buscar o outro lado. Percebi que eu faço o mesmo que faziam comigo, subestimo ao invés de conhecer de fato. O pior é nos conformarmos de sermos tão superficiais, seja no modo de agir ou no modo de analisar. Não devemos esperar que a mudança comece pelos outros. Eu sei lá, sempre que escrevo sobre mim nesse aspecto soa repetitivo e óbvio, mas a verdade é que não consigo engolir que perdi tanto tempo me conformando de ser uma pessoa medíocre. Sinto raiva na verdade, e sei muito bem que nunca serei perfeita, mas quero melhorar dentro das minhas capacidades [na realidade ainda sou bem medíocre] e é isso que me motiva na verdade, porque sempre terei o que aprender sempre terei algo no qual trabalhar eu acabei gostando de passar por essas auto descobertas.


É acho que estou mesmo meio velha e louca, mas essa loucura é libertadora rsrs

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