terça-feira, 11 de agosto de 2015

11.08.2015 Fora de estação

De quantas primaveras uma vida precisa pra florescer?


Hoje no trabalho durante a ceia uma mulher levantou uma questão sobre a qual também vivo refletindo. Sobre se sentir velha e antiquada para realizar certas coisas. Nunca concordei que a vida começa aos quarenta, na verdade pra muitos ela parece é acabar com essa idade. Como no caso dessa colega com seus trinta e nove anos que já se considera velha para realizar seu sonho de estudar enfermagem e trabalhar no que gosta. Se lamentava por tudo o que poderia ter feito antes para que seu futuro fosse diferente. Mesmo eu sendo mais nova, com meus vinte e três anos, eu a compreendi, pois tenho a mesma sensação de desperdício de tempo, arrependimentos, e a mesma sensação de que já passei do tempo pra certas coisas. Queria já estar formada, e há tantas coisas que se eu pudesse voltar atrás faria diferente, que teria começado antes ou outras deixado de fazer. Ouvindo ela falar percebi algo: antecipando nosso fim nunca veremos a vida começar. Não importa se foram precisos cinquenta anos até a pessoa perceber o que quer... se ela tem a possibilidade de alcançar algo não é a idade que deve impedi-la da concretização, a idade é só um número. Nosso prazo de validade é indefinido já que podemos morrer hoje mesmo ou daqui a décadas. Então porque nos datamos? Só porque no passado não fizemos as coisas direito isso não significa que todas as chances se perderam. Ou que não dá mais tempo. Enquanto eu a ouvia se lamentar dentro de mim pensava que apesar da idade ela ainda poderia conquistar muitas coisas e quando disse isso percebi que o mesmo valia pra mim. Não é porque envelhecemos que não merecemos ter sonhos mais profundos ou que não estamos capacitados para realizá-los. A vida acaba quando desistimos de sonhar e não só quando morremos, quando deixamos sonhos virarem frustração e arrependimento. Eu já falei aqui uma vez que algumas coisas tem que dar errado para que outras deem certo e que tudo tem seu tempo. A nossa mentalidade muda e as vezes no passado não estaríamos tão preparados para encarar certas coisas como se está com o passar da idade. É preciso parar com essa mania de ver a idade tão negativamente como um fardo, desperdício, e passar a usá-la como vantagem, afinal a idade nos permite ter maior consciência das coisas, deveria nos permitir ser mais seguros e não o contrário. Pra mim mesmo... de nada adiantaria ter lá meus dezessete anos de volta se voltasse com a mesma cabecinha de vento. Não dá pra prever certas consequências, até porque o que queríamos no passado nem sempre bate com o que vamos querer no futuro, que é quando as consequências chegam.

Há uma música da Sandy (ressalto antes que nunca gostei dela quando fazia dupla com o Júnior e não sou fã do estilo musical da voz dela) chamada Aquela dos 30 que ela lançou nessa fase mais madura da carreira que achei legal, aliás que me surpreendeu. Os trechos da música falam justamente sobre o dilema que inspirou o post de hoje.
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"E aumentou em mim a pressa
De ser tudo o que eu queria
E ter mais tempo pra me exercer"
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"Tempo falta
E me faz tanta falta
Preciso de um tempo maior
Que a vida que eu não tenho toda pela frente

E do tamanho do que a alma sente"

É triste admitir que passaram-se anos e que eles não foram aproveitados, certas coisas são inevitáveis e o o tempo perdido é irreversível, mas se o tempo ainda não acabou o jeito é aprender a usá-lo devidamente e não esperar mais pela próxima estação, já que podemos florir no nosso próprio tempo.

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